O número de internações de ciclistas causadas por traumas em acidentes triplicou entre 2018 e 2021 no Rio Grande do Norte, de acordo com dados da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet). As estatísticas apontam que foram 95 internações em 2018, 224 no ano seguinte, 272 internações em 2020 e 286 em 2021. O aumento é de 201% no período. No Estado, 27 óbitos foram registrados no ano passado em decorrência de acidentes com bicicletas. Os dados sobre as mortes ainda estão sob revisão. Em todo o Brasil, o total de sinistros graves com ciclistas aumentou 11% em 2021, quando comparado a 2020.
Em números absolutos foram 14.416 casos em 2020 e 16.070 no ano passado, no País. Em relação ao RN, fontes ouvidas pela TRIBUNA DO NORTE avaliam que o aumento do número de carros e bicicletas, que dividem o mesmo espaço, aliado à alta velocidade imprimida pelos veículos, bem como a falta de estrutura das cidades, contribuem para o aumento da quantidade de internações provocadas pelos acidentes.
Na capital potiguar onde, segundo estimativas da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU) são realizadas, por dia, 56 mil viagens de bicicleta, o trânsito mais agressivo, com aumento de velocidade nas vias por parte dos motoristas, é a principal causa dos acidentes que acometem os ciclistas. A análise é do diretor do Departamento de Engenharia de Trânsito da STTU, Carlos Milhor.
“Com a pandemia, o uso da bicicleta aumentou bastante, porque muita gente não queria utilizar ônibus e não tinha condições de usar o carro. Outro fator é que, após a crise sanitária, nós temos um trânsito mais violento, com o aumento de velocidade nas vias. Aliás, essa é a principal causa de acidentes”, avalia Milhor.
Para o presidente da Associação de Ciclistas do RN, Fabiano Silva, a estrutura da cidade é insuficiente para atender às demandas existentes e a falta de fiscalizações nas ciclofaixas contribui para o aumento do número de sinistros. “Nós recebemos relatos diários de acidentes com ciclistas e ficamos muito aflito. A João Medeiros Filho (Estrada da Redinha), a Rota do Sol e a Via Costeira têm sido palco constante de ocorrências e os buracos nesses locais também atrapalham bastante”, afirma.
As vias estaduais dentro da cidade, segundo ele, são as que mais preocupam, porque não contam com radares nem qualquer outro tipo de fiscalização. Silva aponta que locais como a Ponte de Igapó merecem atenção, porque, por lá, passam diariamente, 500 ciclistas, o maior volume da capital.
Para Rubens Ramos, professor do Departamento de Engenharia Civil da UFRN e especialista em Transportes e Trânsito, Natal não é uma cidade segura para o ciclista. “Falta, realmente, uma infraestrutura que garanta segurança às pessoas, com uma logística integrada na cidade”, indica.
Segundo ele, as vias da capital contam com “pedaços mal cuidados” de ciclofaixas e destaca que as ações adotadas hoje na cidade significam “mais do mesmo”, porque não trazem modernidade para o sistema cicloviário. “Agora é preciso ofertar uma qualidade diferenciada para o ciclista”, define Rubens Ramos.
Tribuna do Norte