A saúde pública de Porto do Mangue, no interior do Rio Grande do Norte, enfrenta mais uma crise. Os médicos que atuam na rede municipal anunciaram paralisação das atividades em protesto contra a drástica redução no valor pago por plantões de 24 horas. O novo valor, fixado em R$ 1.240,00, foi determinado pela empresa EGA Gestão e Negócios LTDA, recém-contratada pela Prefeitura, e está sendo considerado insuficiente diante da carga horária, da responsabilidade técnica e dos riscos inerentes à profissão.
Antes da mudança, a remuneração seguia um padrão regional considerado razoável. No entanto, segundo relatos dos próprios profissionais, a nova empresa impôs os valores unilateralmente, sem qualquer diálogo com a categoria, desrespeitando os vínculos estabelecidos e as condições mínimas para o exercício ético da medicina.
Em nota enviada à categoria, os médicos fazem um apelo por união, coleguismo e resistência. A orientação é que nenhum profissional aceite os novos valores, numa tentativa de frear o que chamam de "desvalorização institucionalizada" da medicina no interior. “Aceitar essas condições seria desrespeitar o trabalho dos colegas que estão sendo lesados financeiramente. Precisamos nos manter unidos para que nossos direitos sejam respeitados”, afirma o comunicado divulgado pelos profissionais.
A paralisação pode comprometer o funcionamento de serviços essenciais no município, como pronto-atendimentos e urgências, caso a Prefeitura não reverta a decisão ou proponha uma nova negociação. Até o momento, a Secretaria Municipal de Saúde e a empresa contratada não se pronunciaram oficialmente sobre a situação.
A mobilização dos médicos reacende o debate sobre a terceirização da saúde pública e os critérios utilizados pelas prefeituras para contratar empresas intermediárias. Para os profissionais, o que está em jogo vai além do valor do plantão: é a dignidade da função médica e o respeito à saúde da população.