O Agosto Branco, mês de conscientização e prevenção do câncer de pulmão, acende um alerta: esse é o tipo de câncer mais letal entre as neoplasias no Rio Grande do Norte. A informação consta no mais recente Boletim Epidemiológico do Câncer, elaborado pela Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap/RN). Segundo o levantamento, 2.264 pessoas morreram em decorrência da doença entre 2019 e 2023.
Conforme o boletim, os óbitos por câncer representam 13% do total de mortes registradas por câncer no estado. O câncer de pulmão lidera esse ranking, seguido pelos cânceres de mama e de próstata (ambos com 8%), estômago (7%) e cólon e reto (6%). Juntos, esses cinco tipos correspondem a 42% dos óbitos por neoplasias no RN.
No RN, o Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol/UFRN) oferece serviços especializados para prevenção, diagnóstico e tratamento da doença. A coordenadora do grupo de Tratamento de Tabagismo do Huol, Suzianne Lima, explica que o diagnóstico precoce contribui para aumentar as chances de sobrevivência do paciente. “O diagnóstico precoce faz com que a gente pegue o tumor ainda no estágio inicial, para que possa fazer uma cirurgia que cure o paciente e tire toda essa lesão”, explica.
O principal sintoma é a tosse — e, principalmente, o tipo de tosse. “Quando o paciente é fumante, muitas vezes ele já tem tosse, só que muda o jeito de tossir, tosse mais estridente ou mais rouco. Se essa tosse não cessa, continua, torna-se uma tosse crônica ou muda o padrão da tosse, ela deve ser investigada.” Outros sintomas são secreção, falta de ar, fadiga, dores no tórax e sangramentos.
Os sintomas podem ser silenciosos. “A gente não tem nervos dentro do pulmão, o que dificulta o diagnóstico, porque o pulmão, geralmente, não é algo que dói, a não ser quando pega a pleura, que é a capinha que recobre o pulmão, onde há nervos.”
A União Internacional de Controle do Câncer (UICC) adota campanhas plurianuais como estratégia de conscientização. Para o triênio 2025–2027, o tema escolhido é “Unidos pelo Único” (United by Unique) — reforçando a ideia de que cada pessoa tem uma história única com o câncer, mas todas compartilham o desejo comum da cura e de levar uma vida melhor apesar do diagnóstico.
Já os dados mais recentes do Ministério da Saúde indicam que, anualmente, 7,6 milhões de pessoas morrem em decorrência da patologia no Brasil. De acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) para 2024, os três tipos mais comuns de câncer entre homens são: pele não melanoma, próstata e pulmão. Entre as mulheres, os mais frequentes são: pele não melanoma, mama e colo do útero.
O tratamento para o câncer de pulmão varia conforme o estágio da doença. As possibilidades incluem imunoterapia, quimioterapia, radioterapia e terapia-alvo, além de cuidados paliativos integrados nos casos mais avançados.
De acordo com a médica, estudos apresentados no último Congresso Internacional Sobre Câncer comprovaram que a prática de exercícios físicos ajuda a prevenir a doença e também reduz as chances de recidiva. A alimentação saudável também é apontada como um fator essencial, priorizando comidas naturais, com menos aditivos químicos, gordura, enlatados e embutidos.
Tribuna do norte