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Debate relembra 190 anos da ALRN e defende preservação de prédios históricos


A tarde desta terça-feira (9) foi de discussão e resgate da memória do Rio Grande do Norte através da história da Assembleia Legislativa. Em mais um evento do projeto “Memória Potiguar", o Memorial do Legislativo debateu o tema “Sedes do Parlamento”, revisitando a história potiguar a partir das sedes da Assembleia Legislativa ao longo dos seus 190 anos de existência. Ex-deputados, membros da Assembleia e do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN) participaram do debate, que foi aberto ao público.

A discussão, que foi mediada pelo jornalista Octávio Santiago, contou com a participação do diretor-geral da Assembleia Legislativa, Augusto Carlos Viveiros; dos ex-presidentes da Casa Ezequiel José Ferreira de Souza e Nelson Freire, além do professor e membro do IHGRN, Yuri Simonini. No debate, a história foi detalhada e a necessidade de preservação foi destacada por todos os presentes.

Entre 1834 e 2025, a Assembleia Legislativa percorreu 12 sedes. Alguns locais seguem com prédios preservados, como a Igreja de Nossa Senhora da Apresentação, que foi a primeira sede. Porém, ao contrário da "antiga Catedral", a Antiga Casa de Câmara e Cadeia, que foi a segunda sede do Parlamento e que ficava em área da Praça André de Albuquerque, hoje não mais existe. Para o professor Yuri Simonini, a destruição de edifícios históricos faz com que parte da história do estado deixe de ser exposta e revista pela população.

"Uma cidade, com seus prédios, guarda memórias. Quando olhamos uma cidade, olhamos tempos. Cada prédio, edifício, guarda uma história. Tempos que existem quando espaços se tornam lugares, que têm sentimentos. Quantos séculos de Natal passam por esses 12 prédios? É uma história que temos que preservar, porque ao preservar não estamos mantendo locais, nós preservamos lugares e memórias", disse Yuri Simonini, que elogiou a iniciativa do Memorial do Legislativo. "São iniciativas como essa que resgatam e refazem a memória".

A preservação também foi um ponto enaltecido pelo diretor-geral da Assembleia, Augusto Carlos Viveiros. Segundo ele, o presidente da Casa, deputado Ezequiel Ferreira de Souza (PSDB), determinou que o Legislativo atue para colaborar com a conservação dos prédios históricos do entorno do Parlamento. De acordo com Viveiros, a postura da Assembleia, que já tem recuperado imóveis na região, tem como foco também a preservação do Centro histórico de Natal.

"O Poder Público tem obrigação de preservar a cidade. É isso que fizemos aqui (no Memorial) e fazemos. E é isso que o deputado Ezequiel tem determinado se fazer", explicou, citando as ações no Memorial do Legislativo, o uso da casa de Café Filho, o prédio vizinho e outros imóveis. "Queremos preservar, além do passado, o Centro Cultural da cidade. É isso que estamos fazendo e isso que se faz aqui", ressaltou.

Também no debate, o ex-presidente da Assembleia Ezequiel Ferreira, que é pai do atual chefe do Legislativo potiguar, historiou a saga para a aquisição e construção da sede onde a Assembleia funciona hoje, que é o Palácio José Augusto. Segundo Ezequiel, foi um trabalho árduo para se chegar a um acordo, conseguir recursos e desapropriar a área onde está o imóvel. A busca pela construção da sede do Legislativo foi motivada pela falta de estrutura que existia nos imóveis anteriores.

"A pior sede que tivemos foi o Sindicato dos Contabilistas. Não tinha espaço pra nada. Foi um desastre. Depois fomos para o Instituto de Previdência dos Servidores do Estado, que também não dava certo, mas foi melhor do que a praça (Sindicato). Mesmo diminuindo o número de deputados (eram 40 e passou-se a 24), ainda era pequeno. Para se ter uma ideia, só se tinha um gabinete. Pela manhã, era a Arena que tomava conta. À tarde, o MDB. Era um negócio da pior categoria", lembrou. "Era como se o PT tomasse conta pela manhã e o PL durante o turno da tarde", brincou o jornalista Octávio Santiago.

Ezequiel explicou que foi através de uma conversa com o então governador Cortez Pereira que conseguiu os recursos para viabilizar a nova sede, que poderia acomodar o funcionamento da Assembleia.

"No início do Governo Cortez Pereira, fui até ele com facilidade, porque ele tinha sido deputado e expliquei os fatos que eram de conhecimento dele. Eu disse que queria desapropriar aquela área para fazer ali a 'Praça dos Três Poderes', como havia em Brasília, e Cortez associou-se ao projeto", disse Ezequiel. "Como tinham várias casas, ele me pediu um levantamento de quanto custaria. Eu fiz e era aproximadamente 500 contos de réis. Ele disse que era muito dinheiro, mas que faria um esforço e o fez. Fomos atrás dos proprietários e deu um trabalho grande", brincou o ex-presidente da Casa, relembrando ainda que a desapropriação mais difícil foi da antiga sede da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio Grande do Norte, efetuada somente após uma troca realizada pelo Legislativo, que cedeu um imóvel à instituição.

Em clima de bom humor, o debate transcorreu com discussões sobre a importância da preservação histórica e passando também pelo passado da Assembleia, relembrando ainda das passagem do Legislativo pelo prédio do "Sobradinho" ou "Véu da Noiva", onde ficou por 20 anos; do Atheneu, Palacete Provincial, Palacete da Junqueira Aires, Natal Club, Teatro Alberto Maranhão e Palácio Amaro Cavalcanti.

Também participando do encontro, o ex-deputado e ex-presidente da Casa Nelson Freire enalteceu a postura da atual gestão da Assembleia, que tem atuado de maneira incisiva na preservação dos prédios históricos no Centro de Natal, e no trabalho realizado pelo Memorial do Legislativo Potiguar.

"Tenho que parabenizar o Memorial, que tem feito um trabalho maravilhoso. Fiquei encantado com o que vi aqui. Um espaço que está resguardando a nossa história e transmitindo para jovens, que são os estudantes que vêm pra cá. O Legislativo também tem essa incumbência. É muito bacana participar desse momento tão ímpar", disse Nelson Freire.

Na ocasião, o Legislativo também foi relançado o livro “Uma história da Assembleia Legislativa do RN”, de autoria do folclorista Luís da Câmara Cascudo, que também foi historiador, escritor, antropólogo e deputado estadual.

ALRN

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